quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Escrava de si mesma





Ela está sempre na cozinha.Sempre a fazer a comida para o marido, para os filhos que já são adultos e casados.Eles levam tudo prontinho, nos finais de semana.Encarquilhada no seu corpo combalido pelo tempo e pela luta da vida, esqueceu que é uma mulher, que tem dores e doenças.Nada importa, só o trabalho.Teme ser chamada de vaidosa, por isso não se cuida - sequer da saúde.Sempre viveu cuidando dos irmãos; parou de estudar para cuidar deles.Agora, aos sessenta e tantos anos, não consegue de parar de cuidar dos filhos, que, mesmo casados, se aproveitam da situação cômoda de ter uma mãe que lhes provê alimento, e até mesmo as compras de casa.


Ela não consegue e nem quer fazer diferente.Cuidar de si?! Ninguém a ensinou a fazer isso.Beleza?Outrora fora bela, cobiçada, e seus pais a "protegeram do mundo", vindo a casar com um homem que só sabe trabalhar compulsivamente.Ela se acha na mesma obrigação: trabalhar- em prol dos outros, e jamais de si mesma.


Quando compra algo para si, é como se cometesse uma infração.Egoísmo não faz parte do vocabulário, tampouco auto-estima.Os únicos momentos em que está feliz é quando cuida de suas plantas...belas flores e frutos que cultiva em seu pequeno jardim.Porque as plantas???Elas não julgam, não perguntam e nem questionam - e essas são as coisas que ela mais teme.


Há perspectiva de mudança dessa mulher?Perguntem as plantas.Só a vida dirá.